Justamente por sair do rotineiro troca-troca de tramas convencionais, “Carrossel” é também a aposta no novo, é dar espaço a uma geração que, diferente de todas as outras, ainda não teve o espaço dela no horário nobre.
Mais do que isso, “Carrossel” surpreendeu pela qualidade técnica que apresentou. Prova disso é a audiência de 13 pontos no primeiro capítulo e 14 no segundo. O povo gosta de produto bem feito.
Essa talvez seja a primeira novela fora da Globo, nesses últimos sete anos - desde que a Record entrou pra valer na briga -, com a qualidade técnica que a rede carioca apresenta em seus folhetins.
Lidar com criança não é fácil, todo cuidado do mundo é pouco. Tanto para Íris Abravanel, autora da trama, que precisa ser muito sutil ao tocar em alguns temas, como nas gravações. Crianças não são atores, são crianças.
Um exemplo disso foi a cena em que Maria Joaquina (Larissa Manoela) se referia a seu colega como diferente por ele ser negro, nesta terça-feira (22). Tá certo que a personagem é preconceituosa e, muito provavelmente, um reflexo de seus pais. Mas faltou a repreensão de seu pai ou de sua mãe naquele momento, um exemplo mais intenso do que “duas rosas diferentes”, apresentado pelo pai. Faltou a lição para o público infantil que estava assistindo.
Principalmente no Brasil, ao abordar racismo ou qualquer outro assunto tão delicado, quando se tem um público alvo desses, precisa-se que o problema e a solução do problema sejam apresentados juntamente. Todo cuidado é pouco.
Trilha sonora, jogo de câmera e luz, interpretação dos atores mirins e adultos - apesar de nenhuma estrela da dramaturgia no país -, texto, efeitos sonoros, cenários e figurinos... tudo impecável. Não faltou nada.
Ainda há muito que se comentar de “Carrossel”. Cada cena merece ser citada como exemplo. Já está virando inesquecível.
Por Breno Cunha
